quinta-feira, 28 de outubro de 2010

o meu momento de filme

foi há um par de anos. num comboio, e não num avião - e fica, desde já, aqui o meu protesto contra as comédias românticas que terminam com ele a correr atrás dela no aeroporto (99% do total). vivo a mais de 2.000 km da minha terra natal, já viajei por três continentes, e NUNCA - repito: NUNCA - um gajo me perseguiu até à porta de embarque a implorar-me que não partisse. minhas caras argumentistas de filmes cor-de-rosa: IT DOES NOT HAPPEN.

já o comboio... no comboio ia um jovem bem-parecido com o qual troquei uns tantos olhares e sorrisos por cima do livro que estava a ler. eis senão quando, uma das minhas duas amigas levanta-se de um salto: "temos que sair, é esta a nossa estação!", e lá fomos as três de rompante, carruagem fora. o rapaz levanta-se também, corre até à porta e grita para mim "dá-me o teu número de telefone!"; e eu tento explicar "eu não vivo em Paris..." (porque tento sempre eu explicar e compreender tudo??), mas ele tira o telemóvel do bolso e insiste "rápido! dá-me o teu número!", e eu continuo "nem sequer em França... vivo longe!", e ele insiste...

... e o comboio parte.

sabia lá eu bem o que era longe, nessa altura...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

e, por vezes, só apetece mesmo

dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir dormir

e dormir.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

automatismos \1

fosse então uma palavra apenas, sinónimo de algo que não desejei sentir mas que ousei, em todos os aspectos, vértices e ângulos da alma, a minha e a dele; ousei escalar, trepar, tentar, arriscar tudo; fosse apenas um momento; tivesse sido; que entende o coração de tempos verbais? o tempo não é tempo senão nos relógios de igreja e nos calendários de bolso e nas fotografias que amarelecem em fundos poeirentos das gavetas lá de casa; o tempo não é tempo que não na nossa cabeça, mas se a perdemos, então que resta? solidão. e imensidão. porque o peito não conhece qualquer tempo, o coração tem a sua própria medida das coisas.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

hunger

não sinto falta de amor
nem dele vontade, nem dele desejo,
pois que seria talvez capricho,
ou antes volúpia imaginária,
desse modo o procurar.

sinto, isso sim,
fome e sede de amor;
como de pão,
como de seiva;
um pesar de corpo e alma
que faz de mim
grande e muda árvore solitária.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

haiku \1

'in twilight mountains,
breaking through a winter sky,
dreams soft and fragile…'

domingo, 17 de outubro de 2010

pure morning

o espaço de há já um par de anos, agora em versão facebook.

acessível a poucos, que isto de abrir as portadas da alma a quem por cá passa já me trouxe um ou outro dissabor.

e, assim sendo... até já.